Multishow faz review de "Break The Ice"
Livremente inspirado nos desenhos japoneses, o videoclipe começa com um close na boca do desenho de Britney Spears, que está submersa no mar. Desde o primeiro instante, percebe-se uma das características mais marcantes desse vídeo – o realce de contrastes entre imagens bastante coloridas. Em alguns momentos, a câmera fica completamente vermelha, em outros fica verde e assim por diante, o que ajuda bastante a realçar o aspecto dramático do que está sendo exibido.
A heroína reaparece em seguida entre os prédios de uma grande cidade com seus cabelos loiros esvoaçantes. Preste atenção como os cortes são rápidos e bruscos, e como os desenhos mostram ângulos inusitados. Há também imagens trêmulas e um pouco fora de foco, exatamente do mesmo modo que acontece em filmes de ação. Não à toa, a revista norte-americana “Rolling Stone” estabeleceu uma ligação entre esse clipe com o seriado e os filmes “Missão Impossível”.
Uma das seqüências mais bonitas de “Break The Ice” é a queda de Britney Spears do topo de um prédio até uma espécie de vitral amarelo posicionado no chão. Nesse instante, a tela se divide em três partes – uma ocupando a primeira metade vertical e as duas restantes a outra metade. O mesmo recurso voltará a ser utilizado quando metade do rosto de uma espécie de vilão aparecerá do lado esquerdo em vermelho e, em seguida, a metade da face de Britney Spears surgirá do outro lado, num claro e óbvio jogo de referência entre as cores que caracterizam o mal e o bem.
O recurso da câmera lenta e do close em detalhes, por exemplo, de partes do corpo do desenho de Britney Spears ou dos policiais e anônimos é muito bem explorado nesse videoclipe. O que se torna ainda mais forte quando próximo de cenas de bastante agitação, cortes secos e imagens desfocadas e agitadas, típicas do que se denomina “câmera nervosa”.
Totalmente de acordo com os sons presentes na canção original, somados a alguns ruídos inseridos na pós-produção, a narrativa do videoclipe está situada num ambiente futurista, o qual pode ser percebido pela constante presença de naves espaciais, espadas de Jedi e aparelhos eletrônicos (como relógios), e também pela roupa emborrachada utilizada pela heroína, extremamente sensual. Sensualidade esta, aliás, condizente com os versos quentes da canção: “Oooh, parece que estamos sozinhos agora / Você não deve ter medo / Nós somos crescidos agora / Vou me esfregar em você / Até soltar faíscas / Você pode aumentar a temperatura se quiser / ... / Me deixe quebrar o gelo / Me permita te deixar legal / Não quer se esquentar em mim? / Baby, eu posso te deixar bem (quente)” (“Oooh, looks like we’re alone now / You ain’t gotta be scared / We’re grown now / I’m a hit defrost, on ya / Let’s get it blazin’ / We can turn the heat up, if you wanna / ... / Let me break the ice / Allow me to get you right / Once you warm up to me / Baby, I can make you feel hot”).
O videoclipe termina com Britney Spears destruindo uma janela de vidro e se jogando no instante exato em que explode o prédio onde estava – o que é uma cena bastante clichê de filmes de ação. Em seguida, aparece a mensagem: “To Be Continued”. Provavelmente, não é uma novidade. Mesmo assim, é interessante imaginar a possibilidade de, como no cinema, um videoclipe se tornar uma franquia com várias continuações.
* O britânico Robert Hales é designer gráfico e diretor de videoclipes de artistas como Gnarls Barkley (“Crazy”), Richard Ashcroft (“Money To Burn”), Jet (“Put your money where your mouth is”), Kid Rock (“You never met a motherfucker quite like me”) e Justin Timberlake (“LoveStoned”).
Ainda no site do canal, é possivel ver a crítica também positiva feita a "Gimme More"
Créditos: Multishow