Crianças hoje são expostas a mais escândalos de artistas

Quando Britney Spears raspou suas inconfundíveis madeixas douradas, Alexis Gursky, de 9 anos, questionou não o motivo por que Spears passou a máquina, mas sim por que ela não fez algo construtivo com o cabelo raspado.

"Achei meio estranho fazer uma coisa dessas e não oferecer os cabelos para pessoas com câncer", disse Alexis, aluna da terceira série, de Manhattan.

E enquanto um enorme grupo de pessoas apelava para que o governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger poupasse Paris Hilton de comparecer à delegacia em 5 de junho, Jessie Urvater, de 8 anos, não demonstrava nenhuma compaixão. "Não gosto da Paris", disse Jessie, de Manhattan, que foi rápido em afirmar que herdeiras de hotéis não estão acima da lei. "Acho que ela devia ir pra cadeia".

Muito antes de chegarem à puberdade, as crianças de hoje estão totalmente imersas na lavagem de roupa suja das celebridades – seus transtornos alimentares, rodadas de bebidas e drogas e desentendimentos com a lei (e entre si). Os mínimos detalhes estão por toda parte: na web, na televisão a cabo, nas manchetes do noticiário e espalhados pelas capas de revistas.

O que todo mundo sabe é que a exposição a uma vasta quantidade de fofocas, sobretudo sobre as chamadas meninas más de Hollywood – Hilton, Spears e Lindsay Lohan, para citar as criticadas com mais freqüência – está conduzindo as influenciáveis meninas americanas de 8 a 12 anos às páginas dos tablóides. Mas a realidade é mais complexa.

Em entrevistas, os pré-adolescentes costumam se revelar extremamente críticos em relação aos excêntricos em excessiva exposição na mídia, transformando-os em fábulas de fundo moral apropriadas para a idade que deixariam seus pais orgulhosos e confortariam aqueles que temem que a próxima geração seja formada por garotas aprontando em festas sem vestir calcinha, mais famosas por dirigirem drogadas do que pela média na escola.

Esses pré-adolescentes não estão interessados em trilhar o caminho dos protagonistas de bebedeiras que vão parar nas manchetes das fofocas; e isso não causa surpresa aos especialistas em comportamento infantil.

Nas entrevistas, as crianças demonstraram o conhecimento detalhado sobre a inclinação de Angelina Jolie pela adoção (embora nem tenham mencionado o casamento anterior da atriz com Billy Bob Thornton ou o frasco com o sangue dele que ela usava pendurado no pescoço). Sabiam sobre a fita de sexo de Hilton, a drástica perda de peso de Lohan e a saída de Spears de um clube sem calcinha. Saturados em meio a tanta fofoca, eles formaram opiniões bastante sólidas sobre o que é bom, ruim e apenas estranho.

Caroline Lee, 11, de Greenwich, Connecticut, destacou os erros como mãe cometidos por Spears em público, incluindo dirigir com um bebê no colo: "Fico pensando que ela é meio nova e não é o tipo certo de mãe", disse Caroline. Mas Jolie, disse Caroline, é "uma boa mãe. Ela cuida dos filhos."

"Ela não é tão estranha e baderneira como Britney, Paris e Lindsay", disse ela, acrescentando que "ela adotou várias crianças e também ajudou lugares carentes".

Sobre Lohan, Sophia Ambrosino, 12 , de Manhattan, lamentou que tenha passado a época do filme "Operação Cupido" em que a atriz ruiva estava livre das críticas. Agora, disse ela: "Existem coisas que ela faz só para aparecer na capa de alguma revista. Gostava dela quando ela era criança".

Arielle Urvater, 11, também contou que era fã de Lohan e Spears, mas não é mais. "Nós temos formação", disse ela. "Sabemos que drogas e cigarro não fazem bem".

Gallagher da New York University sugere que os pais conversem com os filhos sobre o mau comportamento das celebridades. "Você precisa conversar sobre isso antes que alguém mais o faça", recomendou ele. "Isso ajuda as crianças a digerirem melhor o que vêem e escutam".

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Créditos: G1