G1: O que acontece com Britney Spears?

Um especialista em imagem de celebridades e um psicólogo comentam os mais recentes passos da cantora e dizem que padrões de comportamento e beleza podem influenciar saúde mental. Confira:

O que acontece com Britney Spears? De fenômeno adolescente e namoradinha da América a atração pop de proporções estratosféricas, a cantora de 25 anos protagonizou no espaço de uma semana mudanças extremas de visual, raspando sua cabeça e tatuando seu corpo, além de tentativas até agora frustradas de iniciar um tratamento de desintoxicação.

Mas a seqüência de eventos que provocaram abalos na carreira começou no ano passado, com o divórcio do dançarino e aspirante a rapper Kevin Federline, e a conseqüente transformação de Britney em freqüentadora assídua de festas badaladas e em manchetes de tablóide - com flagrantes da cantora sem calcinha ou dando vexames homéricos.

Ainda que exista a crença de que "má publicidade é também boa publicidade", muitos já colocam em dúvida a capacidade de Britney de se manter como estrela, mesmo com 60 milhões de discos vendidos no mundo inteiro.

Será a pressão da posição que tem no showbusiness (que, é bom lembrar, outros equivalentes conseguem suportar)? Ou ela, como cantava em seu filme "Crossroads" (2002), deixou de ser garota, mas ainda não é uma mulher ("Im not a girl but I'm not yet a woman")?

Para o especialista em imagem Ike Cruz, que assessora as carreiras de atrizes como Juliana Paes e Deborah Secco, os passos mais recentes de Britney Spears podem ter relação com o patamar de responsabilidade a que ela chegou, influenciando modelos de aparência e de comportamento para adolescentes dos EUA e de outros países.

"Talvez tenha havido um cansaço de ter que representar tudo isso, de ser um ícone de beleza", disse Cruz. "As últimas atitudes podem ser um grito de liberdade, mas pode ser perigoso se envolve drogas ou bebida em excesso".

Em sua opinião, não há falta de assessoria para Britney: "A decisão final é sempre do artista. Não adianta ela ser bem assessorada se ela não pretende seguir os conselhos", afirmou Cruz, que citou o recente pedido de demissão de Felicia Culotta, por muitos anos assistente da cantora.

E qual seria o conselho de um especialista em imagem a Britney? "Perguntaria a ela: 'Qual é o seu objetivo? Qual é o próximo passo na carreira. É gravar um disco? É simplesmente dar um tempo de tudo?' É importante saber o que ela quer. Mas é preciso haver o desejo de mudar e se dar conta disso".

Joel Rennó Jr., médico do Insituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, concorda sobre a possibilidade de pressão pela figura de Britney no imaginário de seu público.

"Alguns artistas alcançam a fama de modo muito rápido e pagam o preço caro por isso. Da noite para o dia, tornam-se modelos e lançam padrões de comportamentos para os quais não estão estruturados psiquicamente. A visibilidade de suas atitudes os leva a crer que sua capacidade estáa sendo 'colocada em xeque' pela sociedade. Em alguns casos, revelam-se as inconsistências de suas atitudes, questiona-se e busca-se uma coerência para suas atitudes".

Para Rennó Jr., há uma tendência de que as preocupações sobre a busca e a manutenção do sucesso cheguem a todos os níveis da sociedade. "A insegurança em todos os níveis de existência, especialmente daqueles que convivem com a mídia, ainda acentua o desejo de buscar soluções definitivas para obter o sucesso sempre. Dado que essa é uma tendência coletiva, creio que nos revela uma verdadeira necessidade de nossa própria cultura, e não somente dos indivíduos isoladamente".

créditos: Portal G1